sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"Testemunha Ocular no Cotidiano do Outro"


"Sim, minha força está na solidão.
Não tenho medo das chuvas tempestivas
Nem das grandes ventanias soltas,
Pois eu também sou o escuro da noite."
Clarice Lispector

Hoje correlacionarei dois conceitos com a minha quase (ou não) teoria: Solidão e Alteridade.

Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa não por que simplesmente se isola mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as transforme.

Alteridade (ou outridade) é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, como muitos antropólgos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo).

#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#

Vivemos em Solidão constantemente e como citado no trecho da Clarice Lispector, encontramos força nela. Além de tal tipo de Solidão, de acordo com o conceito, temos a Solidão Cotidiana. Esta é gerada por nós mesmos, pela nossa Subjetividade e pelo nosso Discurso Interno. Todos possuímos esta Solidão Cotidiana.

Ao fazemos o Discurso Interno, entramos em Alteridade, pois precisamos de um estímulo externo e social para absorver e inteorizar todas as informações captadas em nossas Vidas. Necessitamos do outro para fazer a nossa própria história por isso somos "Testemunha Ocular no Cotidiano do Outro".

Muitas vezes, esquecemos que somos solitários por natureza e que somente nós mesmos podemos construir a nossa intimidade e isso ocorre a patir do outro, da alteridade com a cultura alheia. Pois ao entramos em contato com outras idéias e origens, damos espaço para a construção do nosso Eu.

Esquecemos que somos solitários e embaçamos a necessidade de ter alteridade - esquecer no sentido de não naturalizar a nossa essência verdadeira de ser humano e embaçar no sentido de não dar importância ao outro, de que necessitamos dele para completar esta nossa solidão, ou seja, a nossa história íntima e pessoal.

Portanto, somos seres sociais e somente entraremos em contato com nós mesmos a partir do outro.

(In) Blurry Oblivion, até a próxima.


Considerações finais:


* Utilizei os conceitos do Wikipédia.
**
Eu tinha feito um texto maior e bem mais elaborado, mas a postagem não foi salva e eu a perdi, infelizmente.
*** Comecei a trabalhar e pretendo postar somente mais um texto por estes tempos, tendo em vista que as minhas aulas recomeçam no mês que vem e portanto tenho que conciliar a faculdade com o trabalho. Meu tempo ficará mais curto.
**** Quero agradecer imensamente ao caríssimo e querido Renato Hemesath, do Cine Freud, por ter montado o título desta postagem (por isso está entre aspas) e pela idéia de fazer um texto sobre a Alteridade. Você é genial, Renato!


6 comentários:

Camille Ramos disse...

Pois sim! A alteridade é um tema bastante interessante e, certamente, concepção inerente ao homem.

Como diria Rubem Alves, "somos mendigos de olhares" (A madrasta e o espelho - recomendo).

Ou mesmo algo mais perto, Cazuza: Se ninguém olha quando você passa você logo acha 'Eu to carente' [...] Você acha que não tá legal...

É assim que somos, e como nos construimos, como você mesma disse. Buscamos no outro respostas sobre nós mesmos.

É uma graça pensar sobre isso... Somos, na sociedade, tão anônimos e tão interdependentes que é engraçado imaginar...

Até!

Renato Oliveira disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa que querida!

Bárbaro! você atualizou antes de mim *________*

Nossa, nossa... quantas coisas a dizer sobre isto. Inclusive, eu realmente admiro o teu poder de síntese (odeio esta expressão, é tão universitária, hunft..) mas tu colocou de modo objetivo e claro dois aspectos tão válidos para nos olharmos enquanto sujeito.
Acho curiosíssimo pensar sobre esta solidão, que muitas vezes, é associada a limitação da própria vida, mas não é disto que falamos, mas sim de uma solidão mais estrutural, que advém até mesmo sobre aqueles mais populares e famosos, rs. Eu entenderia principalmente por uma referência lacaniana que compreende que não existe completude para nada... o sujeito só é sujeito porque tem falta, porque foi dividido, advindo dai o ICS. (mas não é disto que quero me referir...) pois bem, avendo falta, há sujeito... então este furo que podemos assim pensar, é da ordem do REAL e causa angústia.. e porquê? talvez porque a solidão frequentemente é muda, aponta para o vazio, para o buraco que é de onde o sujeito não consegue simbolizar, trazer em palavras como é sentir-se só, é algo mais que a dor de uma saudade.

Nossa, e a alteridade *___* tão fundamental para fazer com que 'gente seja gente'.

Tá super convocada a elaborar vários outros posts, viu. Mesmo com menos tempo! hahaha e por um ótimo motivo!

Super respondo teu e-mail amanhã. Cheguei agora a pouco em casa, rs

E obrigado pelas palavras tão queridas. Tem sido grandiosamente valioso compartilhar de histórias e experiências com você.

Beijos,

Linda semana prá ti. :)

Anônimo disse...

INSERT

Évelyn Smith disse...

Valeu, Camille, pela visita ao blog! Já ouvi falar no Rubem Alves e obrigada pela indicação!

Caríssimo e querido Renato, você sempre com as suas idéias geniais e com as suas palavras super carinhosas! Vou ler a sua resenha e comentar!

E quem é o Anônimo aí logo abaixo, por favor?? Rsrs...

Anônimo disse...

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