segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O que seria a Literatura?



Tais figuras acima serão correlacionadas com o meu contexto de hoje: o rapaz numa biblioteca lendo um livro, a capa de um livro sobre Literatura e o quadro Commedia dell'arte de Andre Rouillard.


O que seria a Literatura... Começo pelo princípio.

Literatura pode ser definida como a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia; o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época; a carreira das letras.

A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras", e possivelmente uma tradução do grego "grammatikee". Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, se refere especificamente à arte ou ofício de escrever de forma artística. O termo Literatura também é usado como referência a um corpo ou um conjunto escolhido de textos como, por exemplo, a literatura médica, a literatura inglesa, literatura portuguesa, etc."

A Literatura do Brasil pode-se dizer que começa pela era Colonial através do Quinhetismo, na tentativa de descrever a terra e o povo recém-descobertos, pois sim, o Brasil. Em 1500, século XVI, Pero Vaz de Caminha (In. Carta) e Padre José de Anchieta (In. Os feitos de Mem de Sá) usavam textos que para descrever as viagens e os primeiros contatos com a terra brasileira aos governantes portugueses. Com exceção de Padre José de Anchieta que utiliza de textos para catequizar os índios.

Em 1601, século XVII, o Barroco no Brasil nasce e se desenvolve em condições bastante diferentes e ganhando características próprias: a crítica para combater a mentalidade de ganância dos grupos da elite portuguesa instalados no Brasil. Dentre eles esses críticos, podemos citar os mais importantes como Padre Antônio Vieira (In. Sermão da Sexagésima), com os seus sermões a serviço das causas políticas, pela defesa do índio e da colônia e em favor de Portugal por ocasião da invasão holandesa no Brasil; e o grande sátiro Gregório de Matos (In. Epílogos), fundador da poesia lírica e sátira em nosso país, primou pela irreverência ao afrontar os valores e a falsa moral da sociedade baiana de seu tempo.

Em 1768, século XVIII, o Arcadismo no Brasil reflete a condição do intelectual brasileiro: de um lado recebia as influências da literatura e das idéias iluministas vindas da Europa; de outro interessava-se pelas coisas da terra e alimentava sonhos e liberdade política. Podemos destacar os mais importantes autores árcades: Cláudio Manoel da Costa (In. Vila Rica) que cultivou a poesia lírica e épica, mantendo a tradição clássica; Tomás Antônio Gonzaga (In. Marília de Dirceu) propõe inovações que apontam a transição do Arcadismo para o Romantismo, bem como a emoção de seus versos ma a exploração de seus sentimentos nos versos; Basílio da Gama (In. O Uruguai) com o seu nativismo indianista; Santa Rita Durão (In. Caramuru) com o seu apego ao modelo clássico e o amor à pátria e Alvarenga Peixoto (In. Ode ao Marquês de Pombal) com seus versos políticos e racionais.

Após a era Colonial, eis a era Nacional. Agora é a vez do Romantismo no Brasil (1836), século XIX, e suas gerações. Depois da independência política no Brasil (1822), surgem os artistas românticos empenhados a definir um perfil da cultura brasileira. A primeira geração é nacionalista, indianista e religiosa. Conta com as artistas Gonçalves Dias (In. I-Juca-Pirama) que canta os feitos heróicos de índios valorosos na épica e explora temas como a pátria, a natureza, Deus, o índio e o amor na correspondido na lírica e Gonçalves Magalhães (In. Suspiros poéticos e saudades) pela sua importância de ter sido o introdutor do Romantismo no Brasil e embora fosse voltado para a poesia religiosa, também cultivou a poesia indianista. A segunda geração, ou melhor, o Ultra-Romantismo, a poesia ganha novos rumos com o desvinculação dos poetas pela nacionalidade e pela vida político-social e pelo aprofundamento em si mesmos, numa atitude pessimista de tédio e esperando pela morte. Marcada pelo "mal do século". Pode-se destacar com os principais artistas desta geração Álvares de Azavedo (In. Noite na Taverna) marcado pela contradição de um adolescente, pela sensualidade profunda e pelo medo de amar, confundindo o amor com a morte, além de vangloriar a mulher como um ser intocável; Casimiro de Abreu (In. Meus oito anos) associa-se sempre à vida e à sensualidade de forma natural, abordando temas de forma mais graciosa como infância, a pátria, a saudade, a solidão, a natureza, o amor; e Fagundes Varela (In. Cântico do calvário) entregou-se ao pessimismo, a solidão e a morte, porém a sua poesia se volta também para os problemas sociais e políticos do Brasil ao em vez do egocentrismo exacerbado, sendo um prenúncio que conduzem à geração seguinte. A terceira geração se volta mais para os problemas sociais e apresenta uma nova forma de tratar o tema amoroso: a participação ativa da mulher no envolvimento amoroso. Os artista principais desta geração são: Castro Alves (In. O navio negreiro) cultivou a poesia lírica e social, num momento de maturidade e evolução da poesia romântica brasileira, como a postura mais crítica e realista; e Sousândrade (In. Harpas selvagens) dando o teor abolicionista e republicano para a geração. Além dessas gerações, pode-se destacar ainda o Romance Indianista com José de Alencar (In. O tronco do Ipê), o Romance Regional com Visconde de Taunay (In. Inocência), José de Alencar (In. O Gaúcho) e Franklin Távora (In. O Cabeleira) e o Romance Urbano com Joaquim Manuel de Macedo (In. A Moreninha), Manuel Antônio de Almeida (In. Memórias de um sargento de milícias) e José de Alencar (In. Senhora).

Em 1881, ainda no século XIX, surge o Realismo e o Naturalismo no Brasil. Embora o Realismo e o Naturalismo tenham objetivos diferentes, ambas tendências se aproximam no projeto de observar e denunciar a realidade social. O Realismo se apura na análise da força das instituições sobre o indivíduo, no retrato das relações humanas permeadas de interesse, na introspecção psicológica. Menos psicológico do que o Realismo, o Naturalismo analisa a força de fatores como hereditariedade e meio sobre o comportamento humano. Pode-se destacar os artistas da época: Machado de Assis (In. Memórias Póstuma de Brás Cubas) realista, romancista e contista, preocupado não só com a expressão e a técnica de composição, mas também com a articulação dos temas, com a análise com comportamento humano; Aluisío Azevedo (In. Casa de pensão) naturalista, enfatiza em suas obras retratos de ambientes, paisagens e cenas coletivas; e Raul Pompéia (In. O Ateneu) realista, naturalista, psicologista, parnasianista, evidenciam a sua complexiadade e singularidade, integrando todas as tendências literárias em suas obras. Ainda nesta época, surge o Parnasianismo: o retorno ao clássico, a busca do equilíbrio e da perfeição formal, e também as camadas cultas da sociedade. Nesta fase, pode-se citar Olavo Bilac (In. Profissão de fé) com a sua perfeição na elaboração totalmente formal; Raimundo Correia (In. As pombas) segue uma fase romântica, uma fase parnasiana propriamente dita e uma fase pré-simbolista que busca o refúgio por causa do pessimismo humano na metafísica e na religião; e Alberto de Oliveira (In. Vaso chinês) considerado o poeta parnasiano que mais bem se enquadrou nas propostas do movimento.

Em 1893, no final do século XIX, surge o movimento literário Simbolismo. Ao contrário da Europa, onde o Simbolismo se sobrepôs ao Parnasianismo, no Brasil o movimento foi quase inteiramente afastado pelo movimento parnasiano. Dentre os artista deste movimento estão: Cruz e Sousa (In. Cárcere das almas) de um lado encontram-se nele aspectos noturnos do Simbolismo herdados do Romantismo como o culto da noite, pessimismo, a morte, de outro lado há certa preocupação formal; e Alphonsus de Guimaraens (In. Ismália) exaltando temas como a morte da mulher amada, natureza, arte e religião, todos relacionados ao primeira tema.

A partir de agora serei mais sucinta pois o contexto que vem da Literatura é mais prático do que os que antecederam e não me interessa mais para o que venho correlacionar depois - com exceção da inegualável Clarice Lispector que irei explanar mais sobre a mesma.

Em 1902, já no século XX, surge um período de transição que não constitui uma escola literária, o Pré-Modernismo: o interesse pela realidade brasileira e a busca de uma linguagem mais simples e coloquial. De um lado ainda era forte a influência das tendências artísticas da segunda metade do século XIX, de outro já começava a ser preparada a grande renovação modernista, cujo marco no Brasil é a Semana de Arte Moderna (1922). Pode-se destacar Euclides Cunha (In. Os Sertões), Lima Barreto (In. Triste fim de Policarpo Quaresma), Monteiro Lobato (In. Jeca Tatuzinho), Augusto dos Anjos (In. Versos íntimos) e Graça Aranha (In. Canaã) como os principais artistas desta época.

Em 1922, século XX, surge a primeira fase do Modernismo. Após a Semana de Arte Moderna, o Modernismo passa a viver sua "fase heróica", isto é, a fase de divulgação das idéias modernistas em todo o país e de aprofundamento das questões estéticas lançadas pela Semana. Essa fase foi marcada essencialmente por duas tendências: destruição e construção. Pode-se destacar Oswald de Andrade (In. Manifesto Antropófago), Mário de Andrade (In. Macunaíma), Manuel Bandeira (In. Os sapos) e Alcântara Machado (In. Brás, Bexiga e Barra Funda) os iniciantes desta fase. No Romance das décadas de 1930 e 1940, destacam-se Rachel de Queiroz (In. O Quinze), Graciliano Ramos (In. Vidas secas), João Lins do Rêgo (In. Menino de engenho), Jorge Amado (In. País do carnaval), Érico Veríssimo (In. O tempo e o vento), Dionélio Machado (In. Os ratos). A segunda fase do Modernismo, nas décadas de 1930 e 1940, passava por um momento de maturidade e alargamento das conquistas dos modernistas da primeira geração, em relação a liberdade de criação de poemas e sonetos. Pode-se destacar como artistas desta fase Carlos Drummond de Andrade (In. Poema de sete faces), Murilo Mendes (In. A poesia em pânico), Jorge de Lima (In. Essa negra fulô), Cecília Meireles (In. Romanceiro da Inconfidência), Vinícius de Morais (In. Antologia poética). A terceira fase do Modernismo, a geração de 45, a pesquisa estética e a renovação das formas de expressão literária, tanto na poesia, quanto na prosa, são traços distintivos desta geração. Clarice Lispector, por exemplo, pondo em xeque os modelos narrativos tradicionais, relativiza os limites entre a poesia e a prosa e obriga a crítica literária a rever seus critérios de análise e avaliação da obra literária. Destacam-se nesta geração Clarice Lispector (In. A paixão segundo G.H.), com escritura selvagem e com fluxo de consciência, uma experiência mais radical do que a introspecção psicológica (Realismo, século XIX): há quebra dos limites espaço-temporais, passado e presente, realidade e desejo se misturam; deixando assim o pensamento solto, cruzando vários planos narrativos, sem preocupação com a lógica ou com a ordem narrativa; Guimarães Rosa (In. O espelho) e João Cabral de Melo Neto (In. Morte de vida severina).

Na Contemporaneidade, destacam-se no Concretismo do poema-ícone (1956) Ferreira Gullar (In. Dois e dois: quatro) e Thiago de Mello (In. Os estatutos do homem). Na Poesia Marginal (década de 1970), destacam-se Paulo Leminski (In. Catatau) e Ulisses Tavares (In. Caindo na real). Da década de 1980 até os dias de hoje, com produções mais recentes, pode-se destacar Lygia Fagundes Telles (In. As Meninas), Fernando Sabino (In. O encontro marcado), Mário Quintana (In. Esconderijos do Tempo), Luis Fernando Veríssimo (In. O Nariz e outras crônicas) e Chico Buarque de Holanda (In. Benjamim).


- O que mais poderia me interessar em todas essas fases da Literatura seria o Realismo e o Naturalismo, onde a Psicologia foi de grande influência, e nesta época também Wundt estava com o seu cérebro fervilhando milhões de idéias. Além do fluxo de consciência de Clarice Lispector na década de 1940. Mas não somente tais fases me importam e sim todas, pois a Literatura sofre com o "mal de sempre", perceptível tanto na fase Colonial quanto na Contemporaneidade.


#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#


Comecei a planejar minha teoria central do In Blurry Oblivion, mas creio que não será de grande importância neste momento e nem por agora. O autoristarismo vigente em todas as eras da Literatura é muito perceptível e com isso gera a falta de liberdade. Pobres seres humanos que viveram no Brasil colônia ou na sociedade podre e imunda do século XIX, onde a burguesia reinava. Ou até mesmo no século XX, onde não havia liberdade de expressão por causa da censura. Quanta enganação viveu e vive a ingênua Literatura! E agora, nos tempos atuais, mais solitária que nunca ela vive: sem evolução.

Irei me explicar melhor atrvés de duas teorias de minha autoria:

(primeira) Percepção Tardia = percepções maduras sobre o que nos cerca no momento de angústia e indecisão, por tanto, são tardias no sentido de serem maduras pois após a imaturidade do pré-pensar vem a maturidade tardia do pensar propriamente dito.

(segunda)
Princípio da Essência Primária = tudo aquilo que é real e verdadeiro, do modo em que surgiu a coisa, com argumentos reais e verdadeiros porém esquecidos; essência por ser algo profundo e verdadeiro e primário por ser a existência real e única porém sempre é esquecida.

Vamos colocar essas duas teorias na Literatura Brasileira. A evolução das coisas é algo perfeito... Mas é perceptível que há uma Perpeção Tardia em cada fase da Literatura. Digo, em cada fase o homem quer se superar e ser melhor do que a outra. Isso normal, o homem vive em constante evolução. Mas antes que o homem atingisse a evolução completa em cada fase, percebe-se um tom de total imaturidade do pré-pensar no mesmo, de não saber como evoluir e por isso há ataques à fase que antecedeu. Somente através desses ataques que há a evolução plena do homem naquela fase, até voltar-se a imaturidade do pré-pensar para evoluir novamente em outra fase. Desta forma, durante a evolução de cada fase da Literatura há neste meio o Princípio da Essência Primária. Para evoluir o homem tem que captar de seu meio a essência e o que é primário das coisas. Infelizmente quando há outra evolução esta captação anterior é esquecida, pois entre aí outro princípio sem valor neste momento. O que fica claro é a total falta de liberdade do homem, pois ele tem que seguir parâmetros normais da sociedade, sendo necessário fazer sempre o ciclo "mal de sempre": ataque - evolução - captação da essência primária das coisas - ESQUECIMENTO EMBAÇADO para uma outra evolução. A Literatura de hoje em dia está sozinha, pois não tem uma fase antecedente para atacar e isto já foi feito no início do século XX. Totalmente solitária e sem rumo, assim está a nossa Literatura, sem evolução. Bom, isso fica mais claro na Literatura, mas tenho a absoluta certeza de que isso acontece todos os dias em nosso cotidiano... (pense)

Pois bem, as figuras acima se correlacionam assim: a obra de fato que a Literatura propõe passar para todos os leitores, por isso do rapaz lendo um livro numa biblioteca. Mas acabamos fechando a nossa liberdade de pensamento seguindo estruturas totalmente manipuladas pela sociedade vivgente de cada época e infelizmente os artistas/poetas/escritores seguem tais manipulações através do ciclo que citei acima, transferindo isso aos leitores, por isso a capa de um livro de Literatura Brasileira com as imagens de diversos escritores. Por fim, a figura do quadro Commedia dell'arte de Andre Rouillard retrata muito bem a imagem que a Literatura poderia passar para muitos de nós: todos os homens necessitam de evolução e cada um evolui de forma diferente, e temos que observar essas ações, porém sem nos esquecer o que fomos um dia e se há erros podemos concertar, se não evoluimos de fato. Isso pode ser explicado como muitos artistas da Literatura voltam a escrever como em fases bem anteriores da sua, pois não se adaptaram ao ataque e consequetemente a evolução de sua fase, e não souberam amadurecer e captar a essência primária. Alguns conseguiram sim evoluir e muito bem, mas somente através de ataques à fase anterior. Será que podemos viver assim, atacando o que nós fomos para evoluir? Não, mesmo. Por isso vivemos num verdadeiro caos. Atacamos a nós e aos outros e não nos lembrando que fomos seres totalmente imaturos e pré-pensantes um dia, e se evoluimos com plenitude em algo foi porque não atacamos o que nos antecedeu. Continuemos assim, com este pensamento, creio que tudo pode melhorar. Inclusive a falta de liberdade pelo autoristarismo, seja o autoristarismo interno (cobranças nossas a nós mesmos) ou o autoristarismo externo (cobranças de nossa sociedade a nós).

Persisto, por causa do autoritarismo e da falta de liberdade que ele gera, a Literatura não evoluiu o bastante, pois ela se encontra num verdadeiro deserto, ou melhor, em total Blurry Oblivion. Amo a Literatura, ainda mais a brasileira, mas este o triste e monótono fim (até então) de nossa cultura escrita. Quer que eu cite os nossos livros que estão no Top 10 desta semana? Não, isso não é Literatura!

In Blurry Oblivion, até a próxima.



Considerações finais:

* Quero lembrar que infelizmente eu só escrevo uma vez por mês, ou seja, nos feriados de cada mês.

* Somente assim fiz a minha base teórica sobre a Literatura:


- Wikipédia
- CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens. São Paulo: Atual, 2005. 576 p.

* Escrevi das 18h30 às 23h e o tempo não foi em vão.