domingo, 14 de julho de 2013

Idéia e prática: Amor próprio


É, quanto tempo. Bom, hoje irei escrever sobre uma experiência de Vida que adquiri nesta semana, na verdade depois de passar por um processo de 1 mês e pouco.

Durante a minha elaboração por esses tempos me veio alguns momentos de revolta. Então percebi que a minha razão poderia defender-se contra a sandice de afetos pueris. Quero dizer que o meu racional poderia prevalecer em relação ao meu emocional em certas ocasiões. Porém, graças ao meu verme chamado de coração, que insiste em roer a minha fria solidão desses momentos, consegue sempre deixar-me prostrada diante dos acontecimentos memoráveis de Minha Vidinha otária. Otária?! Sim. Sendo mais plácida, poderia chamar-me de bobo-da-côrte. O gozo que me sustenta é de encontrar no outro um motivo de ajudá-lo quando, na verdade, estou buscando a minha própria ajuda. Não existe amor quando não se tem Amor próprio. E nesta minha miséria-de-sempre, mais uma vez, me encontro no ciclo da angústia. Nenhuma criatura foi capaz de transmitir a mim um suspiro de ajuda convertido em amor... enquanto a minha doação pelo outro era doentia. É questão de limite, também. Além do Amor próprio, insisto. Mesmo por tudo, mais vasto é o meu coração em sua busca incessante pelo preenchimento de meu vazio por amor. Quando estou fraca é que me sinto forte. Eis logo abaixo uma passagem da bíblia para explanar o que pretendo transmitir sobre o Amor próprio.

Naquele tempo, um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”. Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?”. Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!”. Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”. Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu na mão de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora, deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’”. E Jesus perguntou: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?". Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”. 
Lucas 10, 25-37

#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#


O que dizer quando reproduzimos as nossas ações durante toda uma Vida... e quando percebemos este nosso ato insano, o que fazer? Bom, diga-se de passagem que para entrarmos no estágio de percepção de tal reprodução doentia é necessário passar pelo sofrimento. E durante o sofrimento encontrar uma forma de enfrentar os problemas. Deus não permite que soframos mais do que possamos sofrer, não se preocupe.

Confesso que, no meu caso, me veio revolta em meio ao sofrimento, como citei mais acima. Isto depende de cada história de Vida. O que não podemos fazer é esconder os nossos sentimentos. Temos que senti-los a todo o vapor, pois usar máscaras para nós mesmos é buscar um sofrimento eterno.

Pois bem, durante a semana que passou assisti na televisão um programa do Pe. Fábio de Melo. E tudo o que ele falou é exatamente o que eu precisava ouvir. Somos águias. A nossa vocação é ser águia, pois buscamos o alto. Mas, até mesmo a águia, necessita se retirar quando sente que o seu vôo não está qualificado para continuar em sua jornada. A águia se retira quando percebe o seu limite, quando percebe que não pode mais voar, e que necessita cuidar de si mesma naquele momento a fim de se estabelecer. 

E nós, o que fazemos quando percebemos que chegamos no nosso limite? Digo que nem chegamos a perceber o nosso limite quando reproduzimos as nossas ações. Gostamos de continuar gerando expectativa por algo que o outro não pode nos oferecer. E este outro também não enxerga que não pode nos oferecer o que queremos e, mesmo assim, continua em sua inércia. Então, devemos esperar que o outro saia de sua inércia? Não... por favor. Para o outro sair de sua zona de conforto seria assunto para outra discussão. Quero falar de nós que ocupamos o lado da doação numa relação. 

Por que tanta doação, sendo que não sabemos o nosso limite, digo, não sabemos quando parar de nos doar? Na verdade nem sabemos nos doar, pois não amamos a nós mesmos! Não podemos doar algo que não temos. E através deste subterfúgio buscamos na doação a nossa própria doação, digo, buscamos a nossa própria ajuda ajudando ao outro, como citei mais acima. Isso é muito sério, pois temos um vazio grande em nós e projetamos no outro a possibilidade de nos encontrar, sendo que para isto temos que entrar em contato com nós mesmos e aprender a lição de amar primeiro a si próprio para encontrar o amor do outro.

Não quero entrar a fundo em minha história de Vida, pois eu ainda nem sei o que fez com que eu chegasse na conclusão de que busco preencher um vazio imenso com amor. E cada um de nós sabe sobre o seu vazio, ou não, enfim. Quero somente nos livrar de um erro que cometemos sempre por não saber lidar diferente, na verdade, por nunca termos tido a oportunidade que nos apresentassem o para o tal "diferente". Com isso, reproduzimos os mesmos atos ao invés de produzimos o novo através da diferença.

Nisso, quero usar a passagem bíblica. Imagine nós, que estamos nos doando incansavelmente, quando na verdade nem sabemos o que estamos fazendo, mas, até então, achamos que isso tudo é "doação pelo outro". E quando não há reciprocidade entramos num estágio onde nos sentimos roubados e maltratados, como os assaltantes fizeram com o homem que descia de Jerusalém para Jericó. A partir de então... eis que entra a grande questão. Uma pessoa que consegue amar ao outro com a si mesmo conseguiria perceber que estava sendo seguida por assaltantes. Sendo mais clara, uma pessoa que tem amor próprio chegaria a conclusão que já basta, ali é o limite.  

- Vou mudar o meu caminho, pois estou sendo perseguido e tenho amor a Minha Vida, e não quero ser roubado e maltratado, pois Deus é Amor e Ele quer o meu bem. Tenho que deixar o outro livre para tomar as suas decisões sozinho, mas estarei disponível caso necessite de alguma ajuda, pois não posso mais aprofundar numa relação onde o outro não pode corresponder aquilo que quero. Se ele quer outra coisa irá buscar esta outra coisa e eu irei buscar o que realmente quero, o que será bom para mim. Eu me amo e amo ao outro, então penso que nós dois podemos sermos felizes a partir do momento que não nos ferirmos.

Pronto. Fácil?! Não, meus caros... não para nós que não aprendemos agir da maneira citada acima. Depois de reproduzirmos e sofrermos muito, um belo dia, depois de uma exaustiva elaboração cheia de insights, algo brota em nossas mentes. Bom, não é bem assim... mas isso seria para uma outra discussão. Acredito que existe um sofrimento-mor ocasionado de uma reprodução-mor, mas deixarei para outra ocasião. Sim, mas até tal belo dia foi necessário passar pelo ciclo da angústia: reproduzir - sofrer - embaçar o sofrimento - reproduzir - sofrer - embaçar o sofrimento - reproduzir - (...) - elaboração e insights - nova percepção - buscar o novo através da diferença.

Bom, nós sim perpetuamos neste ciclo da angústia por tempos e tempos. Não aprendemos agir diferente, insisto, e tivemos que aprender sozinhos através de diversos sofrimentos. É por medo que agimos assim... preferimos a mesmice-de-sempre do que enxergar o novo. Acredito que tivemos tanto desapontamentos em nossas Vidas que chega num momento que ficamos calejados com a reprodução e logo com o sofrimento. É algo normal... vira rotina. É inconsciente, diria. E é muito triste, também.

Voltando a passagem bíblica. Passaram várias pessoas perto do homem caído ao chão e somente o samaritano, uma pessoa que não necessitava do reconhecimento de uma religião como o sacerdote e o levita, foi capaz de dar a assistência necessária para tal homem. A misericórdia que o samaritano usou para com o homem colocou em si a característica de bom, o bom samaritano

Então, será que precisamos de um bom samaritano em nossas Vidas? Acredito que aprendemos a partir do outro e com o outro. Se estamos num mar parado o que devemos fazer é buscarmos um mar onde possa nos dar frutos. Acredito que um bom samaritano é essencial para nosso progresso e, principalmente, para perpetuarmos no estágio de buscar o novo através da diferença. É necessário estarmos num ambiente bom para que possamos encontrar um bom samaritano. E, antes de tudo, é de extrema importância averiguarmos quem é o outro que estamos nos relacionando. Claro que não podemos julgar ninguém e devemos suspender sempre os nossos a priori, pois cada ser humano é um universo distinto digno de respeito. 

Porém, devemos agir no momento que percebemos que o outro não pode atender as nossas expectativas. Caso contrário, podemos sim nos doar, aos poucos, sem exageros pueris. Assim como a águia sabe quando se retirar para cuidar de si mesma, saibamos também nos retirar para cuidarmos mais de nós mesmos, a fim de não nos ferirmos. Que saibamos ter mais amor a nós mesmos para destinar amor ao outro, cuidando de nós mesmos e do outro, de forma pacífica.

Em esquecimento-embaçado deixo-me por aqui, convincente de que o Amor próprio está sempre na superfície de nossos esquecimentos embaçados.


sábado, 13 de julho de 2013

Gozo incansável - Buscando o alto




 ALL MY LIFE - FOO FIGHTERS

Toda Minha Vida

Durante toda a minha vida procurei algo
Algo nunca chega, nunca leva a nada
Nada me satisfaz, mas estou chegando perto
Mais perto da recompensa na ponta da corda
A noite toda, sonho com dia
Quando ele chega e vai embora
Fico com a sensação que mais sinto
Ela ganha vida quando vejo seu espectro

Fique calma, não resista
Seu pulso é tão delicado
E se eu o torcer
Terei algo para segurar quando perder meu fôlego
Será que vou encontrar algo
Que me dará aquilo de que preciso?
Mais uma razão para sangrar
Uma por uma, eu as tiro da manga
Uma por uma, eu as tiro da manga

Não a desperdice
Eu adoro, mas detesto o gosto
O peso está me afundando

Encontrarei alguém que acredite?
Outra pessoa para acreditar
Outra pessoa para enganar
Vez após vez e de joelhos
Se eu chegar mais perto
E se você se abrir
Se você me deixar entrar
Vou em frente, não tenho segredos
Vou em frente, não tenho segredos

Não a desperdice
Eu adoro, mas detesto o gosto
O peso está me afundando

Durante toda a minha vida procurei algo
Algo nunca chega, nunca leva a nada
Nada me satisfaz, mas estou chegando perto
Mais perto da recompensa na ponta da corda
A noite toda, sonho com o dia
Quando ele chega e vai embora
Fico com a sensação que mais sinto
Ela ganha vida quando vejo seu espectro
Terminei, terminei, vou passar para a próxima

Não a desperdice
Eu adoro, mas detesto o gosto
O peso está me afundando

Terminei, terminei,
Vou passar para a próxima