domingo, 17 de julho de 2011

Se somos diferentes, logo somos loucos.

Foto: O que vivemos nada mais é o reflexo de nossos tempos.


Eis mais uma percepção (In) Blurry Oblivion, ou seja, em esquecimento-embaçado. Logo abaixo seguem um trecho bíblico e uma letra de música. Irei correlacionar os escritos e a foto acima logo mais abaixo.


"(...) Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. (...)"
Mateus 18:18


Radiohead - 2 + 2 = 5

Você é tão sonhador
A ponto de colocar o mundo no lugar?
Eu ficarei em casa eternamente
Onde dois e dois sempre somam cinco.

Vou montar trilhas
E me esconder atrás de sacos de areia.
Janeiro vai ter as chuvas de Abril
E dois mais dois sempre será igual a cinco.

É o caminho do mau agora
E você não tem por onde fugir
Você pode gritar, você pode berrar
Agora é tarde demais

Porque

Você não esteve prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Você não esteve prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Você não esteve prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Você não esteve prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção
Prestando atenção

Eu tento cantar por um tempo
Começo bem errado
Porque eu não
Porque eu não
Tento atacá-los como moscas mas como moscas os insetos continuam voltando
Mas eu não
Todos saúdam o ladrão
Todos saúdam o ladrão
Mas eu não
Mas eu não
Mas eu não
Mas eu não
Não questione minha autoridade e nem me tranque em uma caixa
Porque eu não
Porque eu não
Vá e conte ao rei que o céu está desabando
Quando não está
Mas não está
Mas não está
Talvez não
Talvez não


#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#


Talvez seria muito fácil descrever as minhas percepções atuais: eu sou louca e diferente de tudo o que se vê por aí - e ponto. Mas há muito mais a ser esclarecido em relação a este fato. Tenho percebido, durante as minhas andanças e vivências, uma futilidade nojenta. Peço perdão pela expressão anterior, mas é somente o que posso descrever, é o que sinceramente eu sinto.

Imaginem ficar num fundão de uma pista de dança, de uma boate movimentada, analisando o modo de se portar de cada jovem ali presente... Fora o colapso auditivo que eu estava prestes a ter, por causa das músicas medíocres que por ali se propagavam, como ondas sonoras de baixíssima qualidade. Não consigo me adaptar a modernidade, mas, oras, não sou tão imbecíl de criticar algo somente pelo fato de meu ser caquético não conseguir vincular-se à maioria circulante e vivente. Sempre soube respeitar o gosto alheio, por mais irritante que seja, pois a culpa é da História de Vida de cada um.

Pois bem, de acordo com o trecho bíblico, pude entender algo que tem tudo a ver com o que estou relatando nesta postagem. Uma reciprocidade de ligamentos e desligamentos... Como seria isso? Um raciocínio simples: se eu me conecto a alguma coisa ou a alguém, estou em sintonia com aquilo; doravante se me desconecto desta coisa ou deste alguém, não me cabe mais entrar em sintonia ou em vínculo ou em sentimentos de afetos, enfim, o que seja. Logo, como posso viver ligando e desligando coisas e pessoas? Como posso querer viver ligando e desligando de acordo com aquilo que em rege na atualidade em que vivo? ...

As perguntas complicaram um pouco... Na religião Católica, por exemplo, podemos entender este trecho da seguinte forma: se eu pratico algo benéfico na Vida terrena, logo esta prática será aceita por Deus no reino dos céus como um feito bom alcançado; agora se eu não pratico, logo está minha omissão será cobrada por Deus no reino dos céus - entendo por desligamento no céu esta cobrança por ter omitido um ato bom durante a Vida terrena.

Agora esclarecendo as perguntas anteriores. Este entendimento, então, cabe a nós entendermos a nossa atualidade. Os jovens, por exemplo, seguem a maioria. Seguem a moda. Seguem o vício. Seguem o prazer. Cada um desses seguimentos mudam a todo momento... Percebe-se nitidamente que a juventude da década de 1980 não é a mesma dos anos 2000. Mas, percebo, que as relações também estão incluídas neste modismo desenfreado... Um dia me ligo com alguém e daqui há 30 minutos me desligo com este alguém, amanhã me ligo com outro e depois de dois dias me desligo com este outro alguém e por aí se vai. A noção de durabilidade foi perdida! Concordo que "seja eterno enquanto dure", mas onde está o meio-tempo? Onde está o conhecimento? Onde está o respeito e o carinho pelo outro, pelo sentimento do outro? Ninguém se importa com nada mais, além de si mesmo. Todos se importam em descarregar suas pulsões no outro e nada mais.

Já na música do Radiohead, 2+2=5, encontramos outras coisas em relação ao assunto de hoje: Você é tão sonhador / A ponto de colocar o mundo no lugar? / Eu ficarei em casa eternamente / Onde dois e dois sempre somam cinco. Então, para se colocar o mundo no lugar devemos ser sonhador, se não, nada feito. E o que dificulta ainda mais está missão são as Contariedades Vitais que não proporcionam vitória ao belo sonhador, pois dois mais dois sempre são cinco - a normalidade grita que é quatro, mas, se pararmos para pensar, são cinco! Além disso: É o caminho do mau agora / E você não tem por onde fugir / Você pode gritar, você pode berrar / Agora é tarde demais. Portanto, é mais difícil do que se imagina, belo sonhador... É tarde, ser diferente neste mundo não tem vez. Se contente com a fama de LOUCO. E por quê?? Você não esteve prestando atenção / Prestando atenção / Prestando atenção / Prestando atenção! Não prestou atenção no mundo caótico que te circula a todo instante...

Por fim, posso concluir, depois desse protesto de minha arrogância inata e psicótica, aos que sonham, aos que são diferentes, sobram a loucura a favor da missão, da promessa e da obrigação. Ninguém se importa mais com o que acontece todos os dias... Aos poucos, tudo vai virando moda. Eu disse, TUDO, sem excessão de nenhuma coisa, de coisa alguma!
Este TUDO está em esquecimento-embaçado, acredito que além do inconsciente, intocável e inabalável. Esquecemos a nossa essência, o ser humano valioso que somos e embaçamos o que fazemos com nós mesmos e ainda no outro que nos cerca. O que resta é o viver mais do que nunca... E de muita força para encarar a cada nascer do Sol. Pois o tempo terá reflexos piores se não permitirem que os loucos comandem este mundo, pois apenas quem tem a loucura e a diferença enraizada na alma, quem é diferente de tudo o que se vê por aí, pode concertar os malefícios trazidos pela história da evolução - ou não - do homem.

(In) Blurry Oblivion - em esquecimento-embaçado, até a próxima.