quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os indivíduos e as suas contradições

Foto: Novamente, Lycia, dupla de músicas góticas (Tara VanFlower e Mike VanPortfleet), 1997.


What You Won't Do For Love - Go West (versão original: Bobby Caldwell)

O que você não vai fazer por amor

Eu acho que você quer saber onde eu estive
Eu procurei encontrar um amor dentro de
Voltei para que você saiba
Tenho uma coisa para você e eu não posso ir

Meus amigos me pergunto o que há de errado comigo
Bem, eu estou em uma ofuscação de seu amor, você vê
Voltei para que você saiba
Tenho uma coisa para você e eu não posso ir

Algumas pessoas vão ao redor do mundo para o amor
Mas eles nunca podem achar o que sonham
O que você não vai fazer, fazemos por amor
Você já tentou de tudo mas você não desista
No meu mundo só você me obrigar a fazer
Para o amor que eu não faria

Mas então, eu só quero o melhor que é verdade
Eles não podem acreditar nas coisas que eu faço para você
O que você não vai fazer, fazemos por amor
Você já tentou de tudo mas você não desista
No meu mundo, só você me obrigar a fazer
Para o amor que eu não faria
Faça-me fazer por amor o que eu não faria

It's Over - Level 42

Acabou

Não estarei aqui quando você voltar pra casa
Desculpe-me se você não entende, perdoe-me se puder
Mas eu posso ver outra estrada
E não vou voltar

Não procure por mim nesta cidade
Porque eu estarei muito longe, você nunca vai me
encontrar em lugar algum
E não levarei lembranças
Nem promessas pitorescas perfumadas
Porque acabou
E não vou voltar

Você me deu tudo
E agora estou partindo seu coração
Você sabe que eu não quero
Destruir o seu mundo

Eu nunca iria embora se pensase que você não
suportaria a dor
Uma carta na sala
Está escrita na parede
Uma carta sem palavra alguma de amor
Porque acabou (Porque acabou)
E não vou voltar

E enquanto fecho a porta
Sei que estou partindo seu coração
Eu deveria ter te amado mais
Em vez disso, destruí o seu mundo

E enquanto entro na solitária tarde
Sinto-me triste o suficiente
Sinto-me mal o suficiente
E todas às vezes em que você está solitária onde está
Por favor, não me odeie
Eu simplesmente não pude fingir, oh não

Sentir as lágrimas
Posso sentir as lágrimas
Escorrendo pelos anos

--

Através do que tenho vivido e percebido atualmente, em relação às coisas que me cercam e as coisas de Minha Vida pessoal, irei explanar as nossas contradições traduzidas nas músicas acima, correlacionando com a foto romântica do Lycia. Não será uma explanação romântica, pois isto é algo que foge de mim, mas confesso que será repleta de sentimentalismos e isto nos falta bastante.

#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#

Primeiramente, falerei sobre a relação que tenho com tais músicas. A primeira, What You Won't Do For Love, eu tenho conhecimento desde minha época da adolescência, assim que comecei a ouvir a rádio Antena 1 ainda na cidade de Belo Horizonte. Na verdade, a versão que a banda inglesa dos anos 80 Go West fez para esta música soa com mais originalidade com o contexto da mesma. Sem críticas ao cantor Bobby Caldwell, que fez a versão original, mas prefiro a versão do Go West, enfim... Esta música representa tudo aquilo que eu podia ter vivido e não vivi, mas que ainda tenho tempo de viver, mas sinto saudades do que eu não vivi mesmo ainda podendo viver. É uma éspécie de "insistir nesta saudade que eu sinto de tudo aquilo que eu ainda não vi", como diria uma canção do Legião Urbana.

A segunda, It's Over, originalmente da banda inglesa dos anos 80 Level 42, me marcou mais nos meus tempos de juventude, talvez já nos meus 18 anos, quando a ouvi pela primeira vez também na rádio Antena 1. Senti o que ela realmente representa para mim, no caso, sinto que habito num universo paralelo quando a escuto atualmente, quando uma amiga me passou algumas músicas dos álbuns de tal rádio, e por ventura descobri que existia esta música num destes álbuns. Esta música me marcou por completo, época de perdas e de inovações, enfim, o que vivo em meu agora.

Pois bem, não estou aqui para falar de mim e sim no que vivo e percebo em Minha Vida, acredito que são visões completamente diferentes. Vejam, digo, leiam a primeira música e em seguida a segunda. Notaram evidentemente uma grande contradição entre as letras.

No geral, a primeira relata a busca constante por um amor ou de um amor. Acredito que seja de um amor. A busca deste amor se tornou um sonho, mas que o autor não desiste de forma alguma lutar por esta questão. É tão grande esta busca que podemos perceber nitidamente nesses versos: "No meu mundo, só você me obrigar a fazer/Para o amor que eu não faria /Faça-me fazer por amor o que eu não faria"

Já a segunda música é marcada por desistências. Percebe-se que havia um amor muito grande entre o autor e a pessoa amada, mas este preferiu ir embora, no caso, ir embora seria deixar esta pessoa amada livre. O autor faz metáforas de como estivesse indo embora para um lugar bem distante, mas na verdade é somente o amor que se acabou e que ele está abandonando ou deixando ser abandonado. Acredito que ele está deixando ser abandonado, pois há um remorso muito grande durante o enredo, como podemos perceber nos versos: "Sentir as lágrimas/Posso sentir as lágrimas/Escorrendo pelos anos"

Feita esta análise bem resumida, pois acredito que há muito mais entendimentos a se fazer de ambas músicas, entro numa vertente em relação a contradição. Podemos fazer uma Representação Social da Contradição Humana. Na Psicologia Social, de acordo com o teórico social Moscovici (1961), a representação social são todas as crenças e modos de enxergamos todos os fatos do mundo de acordo a nossa subjetividade. No caso, se lermos as duas música num dado momento, teremos a exata representação social da contradição de um mesmo contexto, ou seja, a contradição de relatar um mesmo contexto de forma diferente. Isto é contradição.

Sem ler os nomes das músicas ou das bandas, poderíamos dizer que foi uma mesma pessoa que escreveu as músicas acima, em diferentes momentos de sua Vida. E podemos dizer mais ainda, que as músicas podem ter sido escritas independente das ordens que coloquei acima. Primeiro pode ter sido escrita a primeira música e depois a segunda. Ou, somente por um motivo de grande ênfase e de descarga de minhas pulsões não escreverei vice-versa, poderia ter sido escrita a segunda música primeiro e depois a primeira música. Ou ainda, descarrego ainda mais as minhas pulsões e agora não é uma questão de ênfase, podemos perceber que o que citei anteriormente, sobre a ordem de feitura das músicas, nada mais é do que um Ciclo da Contradição.

Oras, vivemos este ciclo em todos os dias de nossas Vidas... Talvez a contradição esteja em nossas convivências de não entender o outro ou simplesmente porque o outro "parou de falar" com você do "nada", sem algum estímulo aversivo aparente. Como estou querendo correlacionar isto com o Ciclo da Contradição?

Acredito que ficará ainda mais de claro de se entender... Todos nós temos algum colega ou até mesmo amigo que possui um instinto perverso, falando no sentindo do conceito de acordo com a Psicanálise, que sabe usar e manipular as pessoas para o seu próprio prazer. Acalmem-se, talvez esta pessoa seja apenas um ser histérico, nada mais, apenas que se faz de "bonzinho" para querer ser visto desta forma aos olhos do outro, apenas um ser dramático, nada mais. Mas reforço o que relatava sobre o ser perverso... Pois sim, que não conhece alguém que sabe manipular o outro apenas quando precisa de alguma ajuda ou algum favor, e até faz questão de fazer uma troca com você, mas sabendo que você, no caso, não poderá cobrá-lo algo em troca, jamais: ele sempre irá te manipular a ajudá-lo. O perverso quer apenas reforçar esta relação quando precisa de você, somente. Você sim é o idiota da história. Este ciclo do "parar de falar com você" faz parte do Ciclo da Contradição, pois, meu caro, perceba que logo esta pessoa irá te procurar novamente, pois ela ficou algum tempo sem contar contigo, no caso, o "parar de falar" foi uma pausa no processo manipulador que ela faz com todas as pessoas, diga-se de passagem, pessoas idiotas somente. Ou seja, por fim, a contradição está no ato de manipular a mesma pessoa em contextos diferentes, tanto quanto precisa de você, tanto quanto não precisa mais de você. Tome cuidado, recomendo...

E será que é por isso que vivemos tanta falsidade e falta de amor em nossas Vidas? Por que uma pessoa escreveria sobre amor e depois sobre a frustração deste, ou porque uma pessoa escreveria sobre a frustração e depois sobre o amor? Por que manipulamos uma mesma pessoa somente quando precisamos dela? E como ainda existe o amor, depois de tudo isso? ...

Parei para pensar por alguns instantes se teria alguma correlação a fazer com a foto do Lycia... Pensei que não teria, mas acredito ainda tenha. As músicas que coloquei acima são lindas se não tivessem dentro do contexto que aqui coloco, a contradição. Se a primeira fosse feita somente dentro de outro contexto e a segunda fosse feita também em outro contexto. Pois, na primeira, há a busca pelo amor concreto e na segunda, há a busca pela inovação do amor, por este não ter dado certo na visão do autor.

Desta forma, entra a foto do Lycia. Buscando pelo amor concreto ou pela inovação do amor, chegaremos ao que é proposto pela foto. Poderíamos dizer pelo romantismo da foto (dois casais juntos) que sentimos ao vê-la, mas algo ainda mais importante, na união dos seres humanos, sejam homem ou mulheres, seja qualquer um de nós. Seja até eu, um pobre ser neurótico, cheios de obsessões e compulsões - delirantes (o delírio me pertence, mesmo eu não sendo psicótica, ainda).

Em minha quase-ou-não teoria do Esquecimento-Embaçado, ou simplesmente (In) Blurry Oblivion, digo que estamos nos revestindo com a mais sofisticada bolha do esquecimento e com o lubrificante mais potentente que reveste e protege esta bolha, ou seja, aquilo que embaça. Nos esquecemos que somos seres totalmente distintos e embaçamos que não podemos agradar a todos, e mesmo assim queremos agradar. Mais uma vez a contradição reina, sem percebermos. E assim respondo as perguntas que fiz um pouco acima...

"A união faz a força", como diria o consensual, ainda digo mais, faz a força quando há a pureza dos sentimentos. Infelizmente somos seres contraditórios, e sempre seremos, pois acima de tudo somos seres sociais e sempre haverá contradição a nos depararmos com o diferente, no caso, com o outro que nos cerca. O que podemos fazer é notar mais quem está ao nosso lado e quem realmente merece o nosso afeto verdadeiro. Quem não merece, podemos respeitar como devemos respeitar a qualquer ser vivo. Se Jesus Cristo não agradou a todos, que dirá nós!

Que sejamos mais unidos com as pessoas que realmente nos querem bem. Quem não quer, respeite, apenas. Com a busca e consequentemente com a inovação do amor, conseguiremos saber distinguir quem realmente está do nosso lado. E quem não está, reforço incansavelmente, respeite e respeite, por mais perverso que pareça ser.

Digo que esta pratica pode ser feita apenas com o olhar... "Um olhar fala mais do que mil palavras" - novamente uso o consensual - e não está escrito em lugar algum que é necessário fazer o uso da linguagem para poder respeitar o outro. Assim, teremos um Ciclo da Contradição em homeostase, como manda a lei de nosso corpo.

E com quem você ainda não sabe que quer o seu bem ou não, arrisque. Se a resposta for negativa, continue respeitando. Se for positiva, aprofunde o mais belo, puro e sincero de seus sentimentos para esta pessoa.

Eis outro segredo do bem-estar, eu garanto e recomendo, mesmo ainda não ter tido coragem de arriscar... Pretendo arriscar, aguardo o momento de mim mesma.

(In) Blurry Oblivion e com as minhas neuroses-obsessivas-compulsivas, até a próxima.


*** Outra recomendação: para entender ainda mais os meus relatos e correlações que fiz com as músicas, acredito que seria de grande valia ouvi-las, pois os ritmos nos ajudam bastante na absorção do conteúdo e num entendimento mais pleno da coisa.