sábado, 24 de março de 2012

Liquidez...


O Pastor - Madredeus

Ai que ninguém volta
Ao que já deixou.
Ninguém larga a grande roda,
Ninguém sabe onde é que andou.

Ai que ninguém lembra
Nem o que sonhou.
Aquele menino canta
A cantiga do pastor.

Ao largo,
Ainda arde,
A barca
Da fantasia...
E o meu sonho acaba tarde,
Deixa a alma de vigia.
 
Ao largo,
Ainda arde,
A barca
Da fantasia...
E o meu sonho acaba tarde,
Acordar é que eu não queria...


---> Hoje serei sucinta - sim, falta de tempo para elaborar algo mais profundo. Irei correlacionar apenas a canção acima (letra e aúdio) com as minhas percepções atuais.


#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#


Tenho percebido uma imensa liquidez em tudo o que vejo... A liquidez, de acordo com sociólogo polonês Zygmunt Bauman, significa o modo precário, incerto e rápido com que a sociedade atual costuma se comportar. O líquido não mantém a sua forma com facilidade, se diferindo daquilo que é sólido.

Pois bem, é perceptível esta liquidez nas relações entre pessoas, na maneira das pessoas agirem consigo mesmas e com as outras, as suas atitudes e os seus feitos, enfim, na forma com que todas levam a maré da Vida. E com passar dos tempos, é possível reparar cada vez menos ligação continuada no modo com que as pessoas se unem umas com as outras, na situação do relacionamento propriamente dito.

Tudo se tornou banal demais... Por exemplo, podemos perceber tantos e tantos relacionamentos baseados na verdadeira base da troca ou então relacionamentos totalmente sem reciprocidade, onde somente um fica na base do investimento de afetos.

 Isso acontece com todos nós... Comigo, com você, com a Lady Gaga, com o Michel Teló, com o senhor da padaria, com a moça que vende doces na portaria do prédio do trabalho, com o rapaz ali que acabara de passar na rua ou com aquela senhora que está varrendo o pátio do seu prédio logo aqui na frente. E que dirá com tais artista que citei anteriormente... A exposição causa em quantidade triplicada o processo da liquidez, pois com a multidão de pessoas com quem os artistas se deparam a cada dia, fica difícil fazer uma seleção natural de quem realmente compensa permanecer ao nosso lado. Por isso que os artistas são solitários.

A razão e a emoção não se misturam no nosso processo de eleição de quem estará ao lado. Elegem racionalmente e não emotivamente. A racionalidade prevalece, pois somente através dela pode se ter a exata idéia de como o outro "servirá", de qual forma, de qual utilidade etc.

O líquido não é capaz de penetrar onde há emoção... Ela vai muito além das moléculas em expansão e sem ligação dos líquidos. O interesse que cobiça e a não-permutação nas relações flui a cada dia, como um líquido... O líquido não tem paradeiro, ele pode ir e voltar a qualquer momento.

Ninguém volta, assim, para aquilo que já deixou. O líquido vai, sim, mas volta já com outros interesses, outros tipos de alcances. A utilidade do passado já não serve mais para as novas conquistas que almejas. E aquela mutualidade tão plácida com que realizou com exatidão enquanto precisou da troca de favores do outro... Vai ser usada durante um certo tempo para aquele outro que irá condicionar em um período momentâneo, até poder tirar o proveito do mesmo. E depois... O processo se sucede desta forma para sempre, até o dia que fizerem isso com a própria pessoa. E como dói.

E quando doer, será possível se lembrar dos sonhos do passado, quando era cultivado a emoção dentro das pessoas antes de ser aderido os modismos sociais, bem como o uso  e desuso do outro. Ninguém consegue se lembrar daquilo que sonhou numa sociedade tão consumista, onde um e outro são vistos como mercadoria de maneira tão eminente.

Enfim, mais que esquecido e embaçado, a função real do outro em nossas Vidas está lacrado com uma senha tão difícil de se saber, assim como saber quantos grãos de areia temos numa praia qualquer...

E, assim, fantasias. É o que me resta. O meu sonho tarda, porém sou obrigada a acordar todos os dias antes que ele, de fato, venha à tardar.

Quem venha a solidez para selar o meu sonho e eu nunca mais ter que acordar. E que, somente assim, eu consiga descobri "aonde nasce a fonte do Ser" (Milton Nascimento).

(In) Blurry Oblivion - em Esquecimento-Embaçado me deixo por aqui.

Até um breve dia - ou não...




É, Bauman, também sinto o que sentes...



terça-feira, 20 de março de 2012

Gozo dos gozos - Concretude


Eu ouvia essa música quando era criança, aos meus 8 anos de idade e lá nas Minas Gerais, mas que havia entrado em processo de esquecimento-embaçado em meu psíquico. Fui relembrar da existência desta há alguns dias atrás, acredito que pela ocorrência de um fato específico (nem vem ao caso comentar). E, quem diria, eu fui exatamente influência pela essência desta canção do Milton; influenciou tudo aquilo que escolhi para atuar tanto em Minha Vida profissional e tanto quanto na pessoal. Realmente a nossa infância é o marco de tudo, pena que há muitas coisas que ficam recalcadas no deturpador do inconsciente. Obrigada, Milton, por compor esta magnífica obra musical e por ter sido o "Gozo dos gozos" em Minha Vida atual... No âmbito da música, somente o Milton produz sentimentos tão reais através de uma obra de arte. Agradeço a Deus por existir uma alma tão bela no meio de nós. Pena que isto era valorizado somente nos tempos deste música, por exemplo... Décadas de 1970 e 1980. Bons tempos e, infelizmente, não pude vivê-los. Hoje em dia nada mais é concreto e sim líquido.


MENESTREL DAS ALAGOAS - MILTON NASCIMENTO

Quem é esse viajante,
Quem é esse menestrel,
Que espalha esperança
E transforma sal em mel?
 
Quem é esse saltimbanco
Falando em rebelião,
Como quem fala de amores
Para a moça do portão?
 
Quem é esse que penetra
No fundo do Pantanal,
Como quem vai manhãzinha
Buscar fruta no quintal?
 
Quem é esse que conhece
Alagoas e Gerais
E fala a língua do povo
Como ninguém fala mais?
Quem é esse?
 
De quem essa ira santa,
Essa saúde civil,
Que tocando a ferida
Redescobre o Brasil?
 
Quem é esse peregrino
Que caminha sem parar?
Quem é esse meu poeta
Que ninguém pode calar?
Quem é esse?


sábado, 17 de março de 2012

Ternura



Há muito tempo pretendia postar este vídeo por aqui, de fato, na época em que fiz aniversário no ano passado. Agora com  a aprovação da divulgação do vídeo por meu amigo caríssimo, eis que concretizo a minha idéia.

Meu amigo... O Caríssimo Renato Hemesath, assim é como o conheço e me identifico.

Na verdade eu não teria uma característica específica para denominar isso (a nossa relação)... Para mim são todos os afetos positivos que existem numa relação humana também existem na nossa. A distância infelizmente separa pessoas e o afeto pode ser quebrado em algumas ocasiões por este fato. Neste caso, a distância tem aumentado este afeto cada vez mais. Mesmo com as nossas poucas comunicações nesses tempos presentes (eu em minha correria sufocante e o caríssimo prestes a se formar).

Eu só tenho a agradecer á cada dia por ter conhecido o caríssimo. E por ter dado certo nesses 2 anos (o tempo passa). E agradecer imensamente pelo afeto tão generoso e terno com que destina à mim.

É, ternura! De fato elaboramos nossas idéias ao escrever e agora pude chegar numa construção real deste afeto (e também revendo as palavras pronunciadas no vídeo pelo caríssimo). Quer algo melhor do que isso, do que a ternura? Pois através da ternura do cuidado das nossas mães em nossa infância é que vem o nosso amor por elas. E assim funciona ente nós, essa ternura que existe em nossa relação, do cuidado recíproco que temos um com o outro, tem aflorado um imenso amor que tenho por esta pessoa tão incrível e inigualável em Minha Vida.

E... que venha Julho em nossas Vidas! \o/

Com muita ternura e muito amor, para você, caríssimo amigo!