sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Que sejamos rebeldes-controladores de nosso SuperEgo

Figura: As estruturas psíquicas de acordo com a Psicanálise Freudiana: Id (instintos inconscientes), Ego (mediador consciente) e SuperEgo (moralidades provenientes do Complexo Edípico). É ainda mais fácil de entender tais estruturas apenas pelas figuras representadas neste desenho muito bem feito. Apenas o SuperEgo será comentado no texto desta postagem.

Hoje eu quero que o meu SuperEgo se fôda e aconsselho que mande o seu SuperEgo, de quem está lendo isto neste momento, também se fôder - na melhor das intenções, pois logo será entendido o porque de tal raiva tão exacerbada.

Irei fazer uma correlação com fatos, com um salmo bíblico e com música, e logo chegarei na conclusão.  Não usarei o "(In) Blurry Oblivion", ou Esquecimento-Embaçado, e sim algo mais coerente com aquilo a ser relatado.



"Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia?
Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio!
Tu, porém, és o Santo, és rei, és o louvor de Israel.
Em ti os nossos antepassados puseram a sua confiança; confiaram, e os livraste.
Clamaram a ti, e foram libertos; em ti confiaram, e não se decepcionaram.
Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo.
"
Salmo 22, 1-6



Trem Azul - Lô Borges e Milton Nascimento

Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar


Você pega o trem azul, o Sol na cabeça
O Sol pega o trem azul, você na cabeça
Um Sol na cabeça


Coisas que a gente se esquece de dizer
Coisas que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar


Você pega o trem azul, o Sol na cabeça
O Sol pega o trem azul, você na cabeça
Um Sol na cabeça



#-#-# (In) Blurry Oblivion #-#-#



"Lembranças, como é bom recordar!" Eis uma frase da parte dos agradecimentos da minha formatura do pré-primário (acho que nem existe mais tal denominação). E era eu mesma quem lia este texto, fui a oradora da classe. Hoje em dia mal sei orar para Deus... E a partir disso, me remeto há muitas coisas que deixei para trás. Atualmente eu poderia dizer: lembranças, como são horríveis relembrá-las!

Dentro deste mesmo tema, esta semana ocorreu um fato muito, mais muito hilário. Eu pensei em dar o golpe e fui golpeada primeiro pelo mesmo objeto que eu iria golpear. Claro, na melhor das intenções, eu queria me sair bem e ser privilegiada por algo que tanto me empenhei, mesmo de uns meses para cá a desmotivação tomar conta de mim por completo.

Como dizem, "há males que vêm para o bem" e , de fato, no final das contas foi eu mesma quem deu o golpe... Pois tenho certeza de que estou fazendo e de que farei muito falta, no caso a minha competência fará falta, e nenhum outro ser humano poderá me substituir.

Pois bem, são com esses dois fatos citados acima que quero correlacionar com a música, com o trecho bíblico e logo após com uma vertente teórica nova. E, insisto, fôda-se SuperEgo.

De acordo com os autores da música: "Coisas que a gente se esquece de dizer / Frases que o vento vem as vezes me lembrar / Coisas que ficaram muito tempo por dizer". São tantas coisas que deixamos e/ou que são deixadas por nós mesmos... Acontecimentos e pessoas que nos marcaram tanto e que simplesmente os deixamos assim, num piscar de olhos.

Desta forma, tenho em mente que tudo aquilo que fica mal resolvido em nossas Vidas nos causam um sofrimento, uma angústia inexplicável. Na verdade não existe o sentimento "saudade", esta palavra é apenas um substantivo para denominar aquilo que deixamos para trás, as coisas mal resolvidas. Gerando sofrimento, e logo gera angústia, medo, tristeza e solidão (posso dizer em alguns casos o isolamento, mas isto já seria uma discussão para outro dia).

Tudo aquilo que deixamos de uma forma não-resolvida, faz com que lidamos com situações assim por diante da mesma forma que lidamos com a primeira situação, ou seja, a tal situação que deixamos para trás e mal resolvida. Ninguém é capaz de entender, pois cada um faz esta mesma ação de formas distintas. Mas, acredite, todas geram os mesmos sentimentos: angústia, medo, tristeza e solidão. Quando digo que não existe o sentimento de "saudade", quero expressar que não existe tal sentimento frondoso e poético da "saudade". Se formos parar para pensar no que de fato a "saudade" ocasiona, iremos logo remeter a sofrimento e angústia. E logo vem medo, tristeza e solidão, enfim, sentimentos/afetos que de fato são complicados de se lidar para quaisquer pessoas.

Assim como diz o salmo bíblico: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? / Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio! / (...) /  Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo." Nos sentimentos, de fato, como neste salmo. Tudo aquilo que fazemos no nosso presente é em vão, pois sempre remetemos a tudo aquilo que deu errado no passado. Às vezes nem fazemos idéia do que está acontecendo conosco... Mas pode ter certeza que o seu inconsciente está a mil, com todas as cenas lembradas e gravadas em cada refratário, minuciosamente organizado... No momento certo, ele te dá o golpe! No meu caso o inconsciente não tem nada a ver com isso, enfim.

São súplicas e lamentos em vão. São gritos de angústia e de sofrimentos aos ventos. São lamúrias inacabáveis e incansáveis. São sentimentos de impotência. E, então, como fica tudo isso?

Por conseguinte, estamos mergulhados numa problemática cruel. Algo que até então me parece sem resolução. O ato de entrar em Esquecimento-Embaçado não condiz com esta situação, pois são coisas que fogem totalmente de nossas consciência e pertencem apenas ao inconsciente.

Entra aí no nosso SuperEgo. O moralista, o repugnante, o filho de uma mãe insana. Sabe aquela voz monstruosa que te importuna o dia todo? Claro, estou falando se você for neurótico, se não, pode parar de ler este texto por aqui.

Aquela voz que te culpa por tudo o que você faz ou não. Aquela voz que se você fizer bem feito, te exige ainda mais. Aquela voz que se você fizer mal feito, te chama de filho da puta o resto do dia.

Sei que este texto está com um teor raivoso e demonstro através das palavras... Mas é exatamente isso que ocorre! Não me venha com moralismos de bitolamentos sociais, pois somos constituídos de tal forma e tenho dito. Até o mais santo de todos, o mais piedoso, o que se diz todo-poderoso. Quaisquer seres humanos! Ate aqueles otários e certinhos da Análise do Bitolamento, digo, Análise do Comportamento (isto também é um caso para outro texto).

A nossa função de esquecer-esmbaçar já foi feita. Na verdade fazemos o Esquecimento-Embaçado durante o dia todo quando temos em nós o fracasso daquilo que não conseguimos cuidar com zelo no passado. Toda a nossa história que foi deixada por nós para trás esquecemos e embaçamos sem pestanejar. Agora é hora de combater o SuperEgo... Combate? Que venha o combate para a minha rebeldia. 

Exato, que sejamos rebeldes! Não como aqueles adolescentes totalmente sandios daquela novela patológica. E sim sejamos rebeldes no bom modo de viver. Somos controlados por nós mesmos e nem sabemos disso. Agora é a hora de tomar nota e de controlar aquilo que faz parte de nós: ser um rebelde-controlador de nós mesmos.

Se sou um filho da puta que faço tudo errado, que seja assim. Se sou um quase-perfeito, é o que dou conta de fazer no momento. Na Vida estamos em constante evolução. Não podemos deixar que nós mesmos nos culpamos com aquilo que foge de nossas possibilidades.

De fato, o que passou está no passado e não volta mais. Temos que tomar consciência, ou seja, ter a possibilidade de julgar os nossos próprios atos. E não esquecer jamais que a cada dia basta uma evolução. As próximas evoluções como seres potenciais que somos pertencem ao amanhã, ao depois de amanhã e assim se sucede.

Acalmai-vos. Eu sabia que no final tudo ficaria sereno e tranquilo, em total homeostase. A raiva foi válida, tenho certeza. É assim que a Vida funciona, ainda mais nos dias atribulados de hoje. As situações vêm junto com a raiva, sofrimento/angústia, e aí cabe-nos a lidar com isso com a nossa rebeldia-controladora, pouco importando com aquilo que o SuperEgo nos impõe.

Em total (In) Blurry Oblivion - em esquecimento-embaçado do meu ser para mim mesma. Ou melhor, do meu SuperEgo para mim mesma.


4 comentários:

João Paulo, vulgo zeh disse...

Evy Mith... nuhh... mto massa... mto massa msm... louco demais... como vc consegue arrumar ideias pra escrever isso... te admiro mto... entao aquela vozinha q eu ousso nao é o anjo do mau... hehe... eu pensei q fosse... me chamando de filho da puta o dia todo... agora sei q é o babaca do superego... foda-se... é isso ae... pensei q eu fosse o unico doido q tivesse essa voz cutucando o meu ouvido... hehe... bjoks... ;)

João Paulo, vulgo zeh disse...

obs... agora ficou certo neh... ;)

Hugo Vogga disse...

Quando vi o desenho do post logo me senti "ameaçado" em ler o seu proposito teorico. Confesso, amedrontado. Agora posso exclamar em alto e bom tom: ganhei tempo, cultura e aprendizado ao le-lo! Evelyn, muito bom, mesmo! Continue nesta caminhada com os textos, as palavras, as teorias da Psicologia... enfim. Tem muito mais ainda a ser desbravado por ti! Beijos

Haha! Comedia esse Zeh-vinho... Concordo com tu, veio!

Renato Oliveira disse...

Oi caríssima!!!

finalmente aqui de volta estou!
ah quantas coisas a dizer. Bom, o teu post ficou agradavelmente ousado. Existem situações na vida em que precisamos realmente lidar com o preto e branco daquilo que nos diz respeito. Há situações em que fatos devem ser esclarecidos de nós para nós mesmos e as vezes diretamente com outros "agentes".
Lembro-me que tu tinha perguntado sobre se há diferença entre o superego freudiano e supereu lacaniano. Na realidade, não há. Ambos são sinônimos e constituídos pelas experiências da criança cim a simbolização da lei parterna. Mas o Lacan amplia os vocábulos de ideal do eu e eu-ideal, e utiliza um adjetivo que gosto muito para descrever a conduta do supereu - além de moralista, claro - é tirânico e obsceno, logo, suas imposições não são de fato sutis e boas, mas obscenas, destruidoras, muitas vezes.

No livro SYBIL que comentei com você, é discutido sobre a importância de odiar, não se saber odiar, simplesmente, mas de reconhecer as nossas tendências destrutivas e modela-las de algum modo (desculpe-me por usar um termo da Análisee do bitolamento, hihi). :P

Enfim, estou tri curioso para saber a novidade!
Espero que esteja tudo ótimo por ai. Obrigado pelas mensagens queridas! adorei todas.

Meu final de semestre está sendo feliz e infeliz, ao mesmo tempo. Ainda estou elaborando aquela experiência que comentei contigo no e-mail.

Tudo de bom para ti! até breve! ♥
beijos